- Reside em: Geneva, Switzerland
- Data de nascimento: 13-Jul-1957
- Aprendeu com: Mestre Moraes, Mestre Roni, Mestre Zé Macaco, Mestre Cabelo Vermelho
- Estilo de Capoeira: Angola
Biografia:
Antonio Neves Braga, conhecido mundialmente como Mestre Braga, nasceu a 13 de junho de 1957, no Rio de Janeiro, Brasil. Hoje é reconhecido como uma das figuras mais influentes na história da Capoeira Angola, conhecido tanto pelo seu domínio da arte como pelo seu papel fundamental na criação e expansão de duas importantes organizações: o Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP) e, mais tarde, o Grupo Capoeira Angola Bantu África.
Início da vida e primeiros passos na capoeira
Braga começou a treinar capoeira aos 14 anos de idade, no início da década de 1970, quando ingressou no Grupo de Capoeira Regional Palmares, no Rio de Janeiro. Lá, ele treinou sob a orientação de mestres respeitados como:
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Mestre Roni
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Mestre Zé Macaco
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Mestre Cabelo Vermelho
Quando o grupo Palmares se dissolveu, ele continuou treinando com Mestre Touro e Dentinho através do Grupo Corda Bamba, refinando ainda mais sua base de capoeira.
Conhecendo Mestre Moraes - O Ponto de Virada
O momento decisivo na trajetória de Braga aconteceu em 1975, durante o carnaval do Rio de Janeiro. Em uma roda perto da Central do Brasil, Braga conheceu Mestre Moraes, que na época havia trazido a Capoeira Angola de Salvador para o Rio de Janeiro - a primeira escola de Angola fora da Bahia.
Sob a influência de Moraes, Braga encontrou a Capoeira Angola pela primeira vez como um sistema filosófico estruturado, enraizado nos ensinamentos de Mestre Pastinha. Cativado pela profundidade, ritual e significado ancestral da arte, ele se dedicou totalmente à orientação de Moraes.
Em 16 de dezembro de 1978, Braga foi reconhecido como Mestre de Capoeira Angola, junto com seus pares Neco e Zé Carlos. No ano seguinte, em dezembro de 1979, Braga viajou com Moraes para Salvador, Bahia, onde visitaram Mestre Pastinha, prestando homenagem ao patriarca da Capoeira Angola.
Co-fundação do GCAP - Um marco na história da capoeira
Em 1980, foi fundado o Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP) - uma organização que transformaria a identidade e a trajetória da Capoeira Angola no Brasil e no mundo.
Embora a idéia tenha partido de Mestre Neco, foi Mestre Braga quem desenhou um dos símbolos mais conhecidos do GCAP:
o berimbau com duas zebras em combate, uma referência visual às profundas raízes africanas da capoeira.
O GCAP foi criado numa época em que o governo brasileiro reprimia ativamente as expressões culturais africanas. O grupo tornou-se um ato direto de resistência cultural, unindo os mestres de Angola do Rio de Janeiro:
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Mestre Moraes
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Mestre Braga
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Mestre Neco
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Mestre Zé Carlos
O GCAP rapidamente ganhou destaque nacional por sua estrutura organizada, disciplina e profundo comprometimento com a linhagem de Pastinha.
Autonomia e Liderança
Em 1982, Mestre Moraes voltou para Salvador, deixando os jovens mestres - Braga, Neco e Zé Carlos - com a responsabilidade total de continuar a escola, manter a qualidade dos ensinamentos e preservar a visão da Capoeira Angola no Rio.
Antes de partir, Moraes também promoveu Marco Aurélio ao posto de mestre, expandindo a liderança da Angola no Rio.
Fundação de Bantu África e Expansão Internacional
Depois de mais de uma década de liderança no GCAP, Mestre Braga deixou a organização em 1994. No ano seguinte, em 1995, ele fundou sua própria escola:
Grupo Capoeira Angola Bantu África (ECAAB)
A visão de Braga com Bantu Africa expandiu-se rapidamente:
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1997: Depois de se mudar para a Dinamarca, criou grupos Bantu Africa em Aarhus e Copenhaga.
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2002: Depois de se mudar para Genebra, Suíça, ele fundou outra filial lá - uma que permanece ativa até hoje.
Através de workshops, rodas públicas, eventos culturais e ensino consistente, Mestre Braga ajudou a espalhar a filosofia, a música e o ritual da Capoeira Angola pela Europa, influenciando gerações de praticantes.
Legado
Mestre Braga é considerado como:
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um dos principais pioneiros a trazer a Capoeira Angola tradicional para o Rio de Janeiro,
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uma ponte entre os ensinamentos de Mestre Moraes e as comunidades no exterior,
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um ativista cultural que lutou contra a supressão da cultura afro-brasileira,
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um artista que preservou o simbolismo e a estética de Angola em seus grupos.
O seu trabalho no Brasil, Dinamarca e Suíça garantiu que a Capoeira Angola não só sobrevivesse, mas prosperasse fora da Bahia, estabelecendo raízes na Europa, mantendo sempre a fidelidade à linhagem de Mestre Pastinha.