Mestra Janja, nascida Rosângela Costa Araújo em 4 de outubro de 1959, em Feira de Santana, Bahia, é uma ilustre historiadora, educadora e mestre de Capoeira Angola. O seu percurso na Capoeira começou em 1983, quando começou a treinar com o famoso Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP) em Salvador, Bahia. Mestra Janja rapidamente se tornou conhecida pela sua dedicação à Capoeira e pelo seu papel no avanço da forma de arte, tornando-se eventualmente uma contramestra.

Em 1995, Mestra Janja mudou-se para São Paulo, onde continuou sua jornada e fundou o Grupo Nzinga, um importante grupo que promoveu sua influência e engajamento com a Capoeira e suas profundas raízes culturais. Em 2001, ela expandiu seu alcance ao fundar o Instituto Nzinga de Estudos da Capoeira Angola e Tradições Educativas Banto no Brasil, uma instituição dedicada à pesquisa e preservação das tradições Bantu, promovendo iniciativas educacionais e sociais ligadas à Capoeira.

A influência da Mestra Janja vai para além da Capoeira, pois ela passou grande parte da sua carreira a trabalhar em questões de racismo, sexismo e igualdade de género. Seu trabalho inclui a defesa do papel das mulheres na capoeira e na cultura africana, e ela tem sido uma voz proeminente na conversa em torno da preservação das tradições afro-brasileiras. Em 2017, ela foi convidada a falar na Conferência das Mulheres do 20º Aniversário em Washington, D.C., celebrando as contribuições das mulheres para a Capoeira Angola.

Como acadêmica, Mestra Janja é formada em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com mestrado e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). A carreira acadêmica levou-a a coordenar o Departamento da Mulher da Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia. Posteriormente, foi professora do Departamento de Estudos Feministas e de Gênero da UFBA. A sua atividade académica tem sido complementada por trabalhos publicados, entre os quais o livro É Preta Kalunga: A Capoeira Angola como Prática Política entre os Angoleiros Baianos - Anos 80-90, que aborda o papel político e social da Capoeira Angola na Bahia.

Para além do seu trabalho académico, a Mestra Janja tem viajado muito, incluindo duas visitas ao Japão desde 2014, onde partilhou a sua experiência na Capoeira.

Defensora apaixonada da cultura afro-brasileira, da educação e da mudança social, Mestra Janja continua sendo uma figura influente na comunidade da capoeira. A sua dedicação à Capoeira Angola e o seu trabalho académico continuam a inspirar inúmeros estudantes e praticantes, tanto no Brasil como em todo o mundo.