Mestre Djalma Bandeira
- Lived in: Rio de Janeiro, Brasil
- Date of Birth: 31-Mar-1930
- Date of Death: 03-May-2011
- Learned from: Mestre Artur Emídio
- Capoeira Style: Capoeira
Biography:
Mestre Djalma Bandeira é uma das figuras mais marcantes — embora muitas vezes pouco reconhecidas — da história da capoeira no Rio de Janeiro. Atuante desde meados da década de 1950, ele foi um dos grandes responsáveis por consolidar a capoeira nos subúrbios cariocas, especialmente na região de Olaria e Ramos, formando gerações de capoeiristas que mais tarde se tornariam mestres importantes.
Com seu jogo firme, musical, disciplinado e profundamente ligado à tradição, Djalma desempenhou um papel essencial na preservação e transmissão do estilo carioca de capoeira.
Início na Capoeira e Formação
Djalma Bandeira viveu no bairro de Olaria, onde começou a praticar capoeira ainda jovem. Sua formação está diretamente ligada à velha guarda da capoeira de Rio de Janeiro, especialmente a:
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Mestre Artur Emídio, seu principal influenciador e referência técnica
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Outros mestres da linhagem baiana radicados no Rio, como Paraná
Mestre Artur Emídio, baiano de Itabuna que se estabeleceu no Rio em 1955, rapidamente se tornou uma referência no cenário carioca. Foi ele quem transmitiu a Djalma o estilo forte, expressivo e marcadamente combativo que caracterizaria o jogo de São Bento Grande na cidade.
A influência de Artur Emídio sobre Djalma é amplamente reconhecida, e é através dessa linha que muitos aspectos da capoeira baiana dos anos 1930–1950 chegaram ao Rio de Janeiro.
As Rodas no IAPC e o Surgimento de uma Nova Geração
As aulas e rodas de Mestre Djalma aconteciam no Centro Comunitário do conjunto residencial IAPC, em Olaria. Ali, aos domingos, ecoavam o pandeiro e o berimbau que atraíam dezenas de jovens.
Foi nesse ambiente que um menino de apenas oito anos, Celso Pepe, viu capoeira pela primeira vez. Embora Djalma não aceitasse alunos tão jovens, ele se tornou — sem saber — o primeiro mestre do futuro Mestre Celso Pepe, que passava horas observando suas aulas e imitando os movimentos em segredo com seus amigos.
Dentre os jovens que se formaram sob sua influência, destacam-se:
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Celso Pepe, que se tornaria mestre e fundador do Grupo Pepe
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Walter Hugo Pepe, seu irmão
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Luiz Garcia Filho (Pelé)
Com o tempo, vendo a dedicação desses meninos, Djalma passou a convidá-los para rodas, treinos e apresentações.
Atuação Pública e Televisiva
Nos anos 1950 e 1960, Mestre Djalma Bandeira ajudou a levar a capoeira para espaços públicos e para a televisão — um passo enorme numa época em que a arte ainda sofria preconceito.
Ele participou de programas como:
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TV Rio – Programa Carlos Imperial
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TV Tupi – “Em Guarda”, dedicado a demonstrações de artes de combate
Além disso, participou de rodas, eventos culturais e apresentações por toda a Zona Norte do Rio. Sua presença forte, seu jogo firme e sua musicalidade ajudaram a projetar a capoeira num período de grande transformação.
Estilo e Contribuição Técnica
O ensino de Mestre Djalma era conhecido por:
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Ênfase no São Bento Grande, rápido, direto e poderoso
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Uma pedagogia rígida, porém expressiva
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Forte musicalidade
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Respeito profundo aos ensinamentos da velha guarda
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Capoeira como jogo, luta, técnica e disciplina
Nesse sentido, ele foi um elo fundamental entre:
A capoeira de rua do Rio pré-1960
e
A capoeira das academias e grupos organizados posteriores
Poucos mestres representaram essa transição de forma tão clara e influente quanto Djalma Bandeira.
Influência sobre Mestre Celso Pepe
Entre seus feitos mais impactantes está a formação de Mestre Celso Pepe, que aprendeu:
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São Bento Grande diretamente com Djalma
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Angola / São Bento Pequeno com Mestre Leopoldina
Essa combinação única deu origem ao estilo que Pepe mais tarde chamaria de Capoeira Carioca.
Sem Mestre Djalma Bandeira, a história da capoeira em Olaria, Ramos, Penha e arredores seria profundamente diferente.
Legado
Embora menos documentado que outros grandes nomes, Mestre Djalma Bandeira permanece como uma figura essencial na história da capoeira carioca. Seu legado vive através:
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dos alunos que formou;
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do estilo forte e tradicional que transmitiu;
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das rodas e apresentações que marcaram a época;
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da ponte que construiu entre tradição e modernidade;
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da perpetuação do São Bento Grande no Rio.
A capoeira que hoje floresce nos subúrbios do Rio de Janeiro carrega, em grande parte, a marca de seu trabalho, sua disciplina e sua presença firme.