José Paulo Dias Carapau - Mestre Carapau
12 Fev 1948, Porto Ferreira (SP) - Mar 2010, São Bernardo do Campo (SP)

Antes da capoeira, José Paulo Dias Carapau já se sentia em casa no tatame. Começou no judô aos seis anos, chegou à faixa preta de 2º grau e foi professor de 1965 a 1970. Em 1968, um aluno de judô - formado por Mestre Traíra - abriuas portas para a capoeira. Dois anos depois, Carapau estava treinando com Mestre Mello na Pompéia, São Paulo, aprendendo Angola com um herdeiro direto de Zé de Freitas e retribuindo o favor com seu conhecimento de judô. Essa troca de disciplinas - equilíbrio, tempo, respeito - tornou-se a sua assinatura.

Em 1975, fundou o Grupo Angolinha na sua cidade natal, Porto Ferreira. Em 1978, abriu outra academia no Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, e começou a formar uma geração com uma estrutura clara de aula: planos de aula, regras e um tom que misturava cordialidade e rigor. Em 1980, assinou o Livro de Ouro como o 16º mestre reconhecido pela Federação Paulista de Capoeira (FPC), foi secretário-geral e, mais tarde, eleito presidente do Conselho Fiscal. Criou o Campeonato Folclórico Mestre Canjiquinha (1982-83) para a federação e levou a Angolinha ao tri-campeonato paulista (1985-87), além de vitórias em outros festivais.

Carapau também construiu instituições dentro de sua própria casa. Lançou a Diretoria do grupo (1990) e o Conselho Superior de Mestres (1998) para manter a continuidade e a liderança coletiva. Padronizou graduações que muitos ainda reconhecem - Estagiário (cordão azul com faixa branca, 1985), Contra-Mestre (trançado com faixa branca, 1988), além de uma faixa Mirim para crianças. Ao longo de quatro décadas, formou 43 alunos - nomescomo Costinha, Índio, Ouriço, Piedade, Siriema, Chico, Bem-te-vi, Samongo, Esquina, Travesseiro, Cabelo, Jatobá, Lampião, Amarelinho, Pastinha, Macuco, Chevette, Toco, Tico, Magoo, Gatinha, Pancada, Pipoca, Jabuticaba, Jaca, Pernalonga, Fuscão, Cenourinha, Tomate, Colibri, Sabiá, Apache, Curisco, Pelé, Moita, Bolinha, Xerife, Angoleiro-quelevaram seu método para novas rodas.

Pergunte aos seus alunos o que era mais importante e ouvirá a mesma frase que ele repetia com frequência: "Eu não sou o grupo - nós somos o grupo" Esse ethos explica por que Angolinha viveu mais do que o homem. Mestre Carapau faleceu em março de 2010 e foi sepultado no Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo. Seu legado vive na firmeza da pedagogia de Angolinha, nas pontes que construiu entre a capoeira e outras artes, e numa simples promessa cumprida: cresce o grupo, e cresce a capoeira.

Marcos selecionados

• 1948 - Nasce em Porto Ferreira (12 Fev)

• 1965-1970 - Ensina judo depois de ter obtido o 2º dan

• 1968 - Começa a capoeira com um aluno formado por Mestre Traíra

• 1970 - Treina com Mestre Mello (Pompéia, SP)

• 1975 - Funda o Grupo Angolinha (Porto Ferreira)

• 1978 - Abre academia no Rudge Ramos (São Bernardo do Campo)

• 1980 - 16º mestre a assinar o Livro de Ouro da FPC; mais tarde Sec-Gen e Presidente do Conselho Fiscal

• 1982-83 - Cria o Campeonato Folclórico Mestre Canjiquinha (FPC)

• 1985-87 - Leva o Angolinha ao tri-campeonato paulista

• 1990 - Cria a Diretoria do Angolinha

• 1998 - Cria o Conselho Superior de Mestres

• 2010 - Falece; enterro 14 Mar (São Bernardo do Campo)