Mestre Moa do Katendê, nascido Romualdo Rosário da Costa em 29 de outubro de 1954, em Salvador, Bahia, é celebrado como uma das figuras mais influentes no mundo da Capoeira Angola. Um compositor talentoso, percussionista, artesão, educador e mestre, ele transcendeu o papel de professor de capoeira para se tornar um farol de resistência cultural e resiliência.

Desde muito jovem, Mestre Moa esteve imerso nas ricas tradições da capoeira, começando seu treinamento com apenas oito anos de idade no terreiro de sua tia, Ilê Axé Omin Bain. A sua profunda ligação com as raízes culturais e espirituais da Bahia moldou a sua identidade e a sua abordagem à capoeira. Um marco notável em sua carreira foi vencer o concurso de música do Ilê Aiyê em 1977, que mostrou seu talento multifacetado e seu compromisso com a promoção da herança afro-brasileira. Moa também se tornou uma figura proeminente no movimento afoxé, trazendo o Candomblé para as ruas e garantindo a preservação dessa tradição sagrada.

Em 1978, Mestre Moa fundou o grupo Badauê e, em 1995, criou os "Amigos do Katendê", nome dado em homenagem a uma prática banto de transformar folhas em remédio - um poderoso símbolo de resistência e cura. Através de suas iniciativas, criou uma comunidade de capoeiristas que abraçaram tanto a arte marcial quanto a cultura que a envolve.

Mestre Moa do Katendê não foi apenas um mestre da Capoeira Angola, mas também um crítico vocal do cenário político, principalmente se opondo ao regime de Jair Bolsonaro. O seu ativismo político, no entanto, levaria tragicamente à sua morte prematura. A 8 de outubro de 2018, foi tragicamente esfaqueado doze vezes por um apoiante de Bolsonaro, vítima de violência política que chocou o Brasil e o mundo. O seu legado, no entanto, continua longe de ser diminuído.

Em sua memória, está sendo construído o Instituto Mestre Moa do Katendê, na comunidade do Dique Pequeno, em Salvador, um projeto impulsionado pela família, amigos e companheiros capoeiristas de Moa, já que o governo não tem dado apoio. Este instituto será um tributo vivo à visão de Moa de construir um espaço para a comunidade, a cultura e a capoeira.

A influência de Mestre Moa se estende para além da comunidade da capoeira, deixando uma marca indelével na música e na cultura. Em 2022, dois documentários foram criados em sua homenagem-"Quem vai quebrar a máquina do mal?", e "Môa, Raiz Afro Mãe", dirigidos por Carlos Pronzato e Gustavo McNair, respetivamente. Esses filmes retratam sua vida, sua arte e seu compromisso inabalável com seu povo.

A música do Mestre Moa do Katendê, seus ensinamentos e sua busca incessante pela preservação cultural continuarão vivos. Sua história, cheia de paixão, visão e resistência, continuará a inspirar as futuras gerações de capoeiristas e artistas do mundo inteiro. Através de sua memória, honramos não apenas o mestre, mas a poderosa força cultural que ele representou. Seu legado continua sendo um testemunho da força e da beleza da capoeira, da cultura afro-brasileira e da busca pela justiça.