Biografia:

Sabu, que nasceu Manoel Pio Salles em na velha cidade de Goiás, inciou carreira de lutador na Luta Li­vre, nos tempos em que o Catch faz sucesso na TV. Ele lutava mascara­do, tendo adotado o nome de Sabu, um personagem de gibi. Depois se mandou para Salvador. Ficou uns anos por lá, aprendendo com Cai­çara. Quando voltou, no finalzinho a década de 60, estabeleceu-se mes­te de capoeira e artesão de instru­mentos musicais. Usava o quintal de sua casa na Vila Redenção, o “terrei­ro”, para formar o seu grupo.

Exibindo-se nas escolas, nos pro­gramas de TV, e aos domingos na Feira Hippie, logo ele formou uma grupo enorme de alunos. Sabia en­sinar. Tinha paciência. E tratava seus alunos como se fossem seus filhos. A casa dele era a nossa casa. Ás ve­zes, até filávamos a boia. Além do grupo de capoeira, ele formou um grupo de maculelê e até um grupo de dança dos tapuios, esta última uma manifestação folclórica genui­namente vilaboense.

Não fosse ele um grande atleta, um inspirado artista e grande pro­motor do folclore, ele foi, naqueles tempos de ditadura atroz, um ho­mem enjangado politicamente. Ti­nha uma extraordinária sensibilida­de social. Embora fosse homem de poucas letras, ficava indignado com a negligência da autoridades em face da menoridade abandonada.

Ele procurou tirar pivetes da rua para, através do esporte, integrá-los à sociedade. Chegou a levar deze­nas deles para morar em sua casa. Alguns desses moleques se torna­ram exímios capoeiristas. Não sei por onde andam.

Também prestou auxílio à famí­lia de Bimba quando o velho mestre Baiano morreu, em Goiânia, para onde se transferira com suas duas mulheres e um batalhão de filhos e agregados. E também acudiu mes­tre Osvaldo, quando este chegou ao fim da vida. Para Sabu, a rivalidade entre Regional e Angola ficava res­trita às rodas de capoeira. Fora dela, eram todos um pelos outros.

Aprende mais do mestre:

Mestre Sabu