Biografia:

Mestre Bigodinho - Reinaldo Santana
1933 - Recôncavo Baiano → 5 de abril de 2011, Santo Amaro

Nascido em 1933 e criado em Acupe, Reinaldo Santana cresceu dentro da paisagem sonora do Recôncavo. Mudou-se para Salvador em 1950 e conheceu o mestre do berimbau Auvelino, que lhe abriu as portas para os "segredos" do instrumento. A partir daí, as pessoas reconheciam Bigodinho antes de vê-lo. Elas o ouviam. O timbre do seu berimbau. O grão da sua voz.

Durante mais de 25 anos, ele foi presença constante no Barracão do Mestre Waldemar da Paixão, ponto de encontro de nomes como Traíra e Zacarias. Era a época em que a polícia podia fechar uma roda com a ameaça de "quebrar o pandeiro e o berimbau", e Bigodinho aprendeu a manter a tradição sob pressão. Liderou o Grupo Resistência na Lapinha nos anos 60, integrou o Viva Bahia com Emília Biancardi e foi reconhecido como mestre em 1968. Ao lado do jogo, carregava um raro dom de cantor e compositor, moldando ladainhas e corridos com mão livre e medida antiga.

Afastou-se na década de 1970, retornando nos anos 1990, incentivado por Lua Rasta. Pesquisadores como Frede Abreu apontam a memória profunda de Bigodinho dos mestres anteriores como vital para a revitalização da Capoeira Angola nos anos 70 e 80. Em 2007, as ruas de Acupe se tornaram um tributo vivo em sua homenagem, filmado por Gabriela Barreto. Gravou um CD com Mestre Boca Rica, e seu outro grande amor - o sambade roda - viajoucom ele para onde quer que fosse. Os amigos o chamavam de boêmio nato, generoso com as histórias, rigoroso com o ritmo.

Bigodinho gostava de explicar a capoeira num remédio simples: "Capoeira é uma farmácia" - mexecom o povo, e as dores vão embora. Deixou também um par de linhas mestras que ainda ressoam na roda:
"Capoeira não se faz, se joga".
"Faça pouco bem feito do que muito mal feito".

Faleceu no dia 5 de abril de 2011 na Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, o mesmo hospital ligado à lenda de Besouro e no dia do aniversário de Mestre Pastinha. O seu legado perdura onde quer que um berimbau chame e uma voz responda baixinho e verdadeira.