Mestre Espinho Remoso - Elízio Maximiano Ferreira
1910, Teixeira de Freitas, Bahia - 1960, Salvador - Capoeira Angola

Nascido Elízio Maximiano Ferreira, o capoeirista mais tarde conhecido como Mestre Espinho Remoso aprendeu seu ofício em Santo Amaro, enquanto trabalhava nos engenhos de açúcar. Lá conheceu Mestre Cassarangongo (Antônio Elói dos Santos) no Engenho da Pindoba, amizade que continuou quando Elízio se mudou para Salvador. O trabalho no canavial moldou seu corpo e seu jogo. As noites eram de rodas, música e a construção lenta de um nome que viajaria.

Seu apelido tem uma história que os capoeiristas ainda contam. Durante um jogo em Santo Amaro, um espinho perfurou seu joelho enquanto Tiodé da Quibaca observava de lado. Tiodé puxou o espinho, depois bateu no joelho e a ponta soltou-se na palma da mão. A partir desse dia, passou a chamar Elízio Espinho Remoso, um nome ligado a algo teimoso e irritante, como uma dor persistente. O nome adequava-se ao jogador. Baixo, poderoso e preciso. Um negro de constituição forte. Praticante do Candomblé, como lembra seu filho Virgílio.

Em Retiro, Salvador, Espinho Remoso vendia roupas e construiu um núcleo de capoeira na Jaqueira do Carneiro, na Fazenda Grande do Retiro. A roda lá atraiu pesos pesados dos anos 1950 como Mestre Waldemar, Mestre Paulo dos Anjos, e Zacarias Boa Morte. Sua fama também corria pela Liberdade, onde os jornais o contavam entre os destaques ao lado de Traíra, Valdemar, Cabeça de Bagre e Bimba. Foi professor de um amplo círculo de alunos, entre os quais Diogo, Fulô, Florzinho, Valdir, Loriano da Boca do Rio, Gerônimo, Raimundo, Antônio Catarino, Dario do Pandeiro, Buiu, Florisvaldo, Moisés, Valdomiro, Chico Zoião e Firmino.

A vida familiar corria junto com a roda. Com Edite Isabel dos Santos, teve seu filho Virgílio, que começou a capoeira com o pai em 1954 e depois continuou com Mestre Paulo dos Anjos e Mestre Caiçara, tornando-se Mestre Virgílio da Fazenda Grande. Espinho Remoso também dividia a casa com Dona Epifânia, com quem teve Valdir. Quando ele faleceu em 1960, aos 50 anos, Mestre Diogo ajudou a organizar o enterro na casa de Dona Epifânia. A roda na Jaqueira do Carneiro não parou. Continuou sendo um ponto de encontro e mais tarde foi levada adiante por Virgílio, mantendo viva a cadência do pai.

Legado
Espinho Remoso fica na história da Capoeira Angola como uma ponte entre os moleiros e os mestres da cidade, entre Santo Amaro e os bairros de Salvador. Seu estilo misturava a força do trabalho com a disciplina musical. Seus alunos e a geração de seu filho mantiveram essa mistura em movimento. A memória do homem permanece onde o berimbau chama e a roda obedece.