Mestre Popó do Maculelê (Paulino Almeida de Andrade)
15 de março de 1876 - 16 de setembro de 1969 - Santo Amaro, Bahia

Filho de pescador de Santo Amaro, Mestre Popó do Maculelê levou um fogo antigo para um novo século. Aprendeu o maculelê com anciãos descendentes de Malê - guardiões que mantinham a memória viva no ritmo, no canto e no bater dos paus. De mentores como João Oléa, Tia Jô e Zé do Brinquinho, herdou não apenas passos, mas uma visão de mundo: o maculelê como celebração, treino, disciplina e resistência silenciosa.

Em 1943, com a morte dos mais velhos e a diminuição da prática pública, Popó reuniu a família e os vizinhos e replantou o maculelê nas ruas de Santo Amaro. Ele formou o Conjunto de Maculelê de Santo Amaro, incorporando a cadência do candomblé à coreografia, apertando o tempo e a precisão, e ensinando que cada batida e virada deveria responder ao tambor. Sob a sua direção, o maculelê passou dos quintais para as praças e, finalmente, para as rodas de capoeira em todo o Brasil - não mais uma lembrança apagada, mas uma tradição viva.

Para Popó, o maculelê sempre teve dois lados: dança e combate, alegria e estratégia. Ele dizia que o espetáculo podia mascarar o treinamento, permitindo que uma comunidade se aperfeiçoasse enquanto parecia jogar. Essa perceção explica porque é que o seu renascimento perdurou: não era nostalgia - era um objetivo. Quando faleceu, aos 93 anos, deixou mais do que uma trupe ou uma técnica. Deixou um modelo para a sobrevivência cultural, uma forma de a música e o movimento guardarem a história enquanto dão as boas-vindas ao futuro.